segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Crônica: A história de Cristina





Cristina cansou de levar rasteira da vida, foi o que pensou naquele momento, ao contemplar seu reflexo no espelho, tudo parecia tão deslocado, suas roupas rasgadas e os cabelos embaraçados, cobertos de sangue. Não teve outra reação, que chorar arduamente pela sua condição atual, que para ela tornara-se muito além do suportável para uma pessoa em seu juízo perfeito.

Aos 26 anos, com dois filhos para criar, Augusto de oito e Clara de seis, os quais eram tudo o que ainda sustenta sua condição psicológica estável, mas não naquele dia. Ainda olhando para sua imagem no espelho, pensou e disse para si mesma: - tudo o que eu desejei era que meus filhos crescessem em um lar onde seriam amados e protegidos.

Infelizmente não era o que estava acontecendo na casa de Cristina, se fosse com outra família tudo seria diferente, pensou ela – porque estou vivendo dessa forma, como pude deixar que isso fosse chegar a este ponto.

Na noite anterior Cristina fez algo que nunca imaginou que uma mãe poderia fazer a um filho, pelo menos não no seu caso.

Ela esfaqueou seu próprio filho, evento este que a deixou totalmente transtornada, isso porque Cristina é dependente Química e há três meses lutava contra seus impulsos em procurar a droga, infelizmente na noite anterior seus instintos venceram a batalha mental, pois sob os efeitos do entorpecente, entre delírios e alucinações, acabou confundindo seu filho com um assaltante, pegou a faca na cozinha e efetuou uma serie de facadas no menino, que caiu gravemente ferido no chão.

Sentiu vontade de compartilhar com alguém seu sofrimento pelo ocorrido, mais qual pessoa suportaria ouvir as lamentações de uma “mãe tão malvada”, como a sociedade olharia para ela com outros olhos, que não fossem de ódio e revolta. Quanto a seu futuro só restava esperar que outras pessoas pudessem se libertar do vicio das drogas e que ninguém tivesse que passar por uma tragédia para entender o quanto é importante procurar ajuda.

Não havia mais nada a ser feito, tudo o que ela poderia esperar era o seu perdão, quem sabe se perdoar, talvez esse fosse o passo mais importante de sua trajetória daqui em diante.





4 comentários:

adria disse...

Nossa. Profundo!

Letícia disse...

Muito bom o texto
e profundo he

visita me
http://leticiaturtle.wordpress.com/2011/01/31/deixando-pastas-invisiveis/

Xael disse...

é triste e realista, quantas cristinas existem nesse mundo, a realidade do mundo se ver nesse texto, as drogas, a vida dificio. é doloroso saber disso, mas tem que ser dividido com as outras pessoas quem sabe assim, elas pensam melhor no que fazem... otimo texto.

Pobre esponja disse...

Isso é muito triste, e acontece mais do que passa nos Datenas, infelizmente.
A droga é menos problema que a falta de educação e estima.

bjs
Pobresponja