sábado, 5 de fevereiro de 2011

Diferenças?



É incrível como em nossa sociedade somos levados a querer esconder por inúmeros momentos nossas subjetividades, pensamentos e ideias diferentes para viver o sonhos e planos de outros, isso é algo muito infeliz para nossa cultura que é tão rica em diferenças, somos um Brasil de tantos outros.
Negros, brancos, índios e a mistura de tudo isso, surge o Brasileiro, um pouco de tudo e como resultado dessa aculturação, parece surgir um sentimento de ser estrangeiro em seu próprio país, de não pertencimento, de reprodução de culturas importadas, que não foram pensadas nas diferenças, mais para uma massa de gente.
diferenças? sim temos muitas, de norte a sul. diferença que é criticada, como se existisse um Brasil mais Brasileiro é outro que fosse uma copia muito mal pirateada.
Buscar nossa identidade de povo unico, começa pela nossa busca pelas respostas as nossas proprias demandas, que também são unicas.

"Viva Sua Diferença, mesmo que só você perceba isso, pois ninguém olha para uma rosa com o mesmo sentimento o tempo todo"

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Poesia




PAUSA


Quando pouso os óculos sobre a mesa para uma pausa na leitura de coisas feitas, ou na feitura de minhas próprias coisas, surpreendo-me a indagar com que se parecem os óculos sobre a mesa.
Com algum inseto de grandes olhos e negras e longas pernas ou antenas?
Com algum ciclista tombado?
Não, nada disso me contenta ainda. Com que se parecem mesmo?
E sinto que, enquanto eu não puder captar a sua implícita imagem-poema, a inquietação perdurará.
E, enquanto o meu Sancho Pança, cheio de si e de senso comum, declara ao meu Dom Quixote que uns óculos sobre a mesa, além de parecerem apenas uns óculos sobre a mesa, são, de fato, um par de óculos sobre a mesa, fico a pensar qual dos dois – Dom Quixote ou Sancho? – vive uma vida mais intensa e, portanto mais verdadeira…
E paira no ar o eterno mistério dessa necessidade da recriação das coisas em imagens, para terem mais vida, e da vida em poesia, para ser mais vivida.
Esse enigma, eu o passo a ti, pobre leitor.
E agora?
Por enquanto, ante a atual insolubilidade da coisa, só me resta citar o terrível dilema de Stechetti:
“Io sonno um poeta o sonno um imbecile?”
Alternativa, aliás, extensiva ao leitor de poesia…
A verdade é que a minha atroz função não é resolver e sim propor enigmas, fazer o leitor pensar e não pensar por ele.
E daí?
– Mas o melhor – pondera-me, com a sua voz pausada, o meu Sancho Pança – , o melhor é repor depressa os óculos no nariz.

In: A vaca e o hipogrifo.


Obra "PAUSA" de: Mário Quintana

Imagem de: Salvador Dali