domingo, 27 de novembro de 2011
Poema Asteca
terça-feira, 15 de novembro de 2011
CRÔNICA: Mãos cegas
Lançado na sarjeta, sua vida agora estava na corda bamba e não possuía nada para o proteger dos perigos da noite, olhou ao longe e tudo que podia ver eram sombras de pessoas caminhando apressadamente, a chuva caía desde o fim da tarde e agora de madrugada já não conseguia aguentar o frio que se espalhava por seu corpo, suas mãos gélidas e a dormência dos dedos dos pés eram tudo o que continuava a sentir.
Jogado na margem da sociedade, sem ninguém para dizer boa noite e não ser seus pensamentos e lembranças, estas eram tudo o que haviam restado. Seu passado de glorias agora se ressumiam em lamentos das desventuras da vida e o seu contentamento das migalhas caídas em seu chapéu ou das poucas moedas jogadas por mãos cegas, mas essas moedas ao final do dia até que davam para alimentá-lo, quem sabe uma boa sobremesa, o nome lhe parecia tão inapropriado agora, sobrechão quem sabe se aproximasse um pouco.
A chuva começou a ficar mais forte, então a lona que sustentava sua casa acabou cedendo e caindo em cima dele, sua miséria agora era exposta para todos os transeuntes, entretanto percebeu que não se importavam com a sua situação, sua única saída agora era correr pelas ruas atras de algum papelão ou caixa de isopor que pudesse cobrir o buraco aberto pela água.
Enquanto procurava algo não percebeu que a correnteza começava lentamente a aumentar, o que era uma pequeno corego, agora tornara-se a corredeira de um rio selvagem, sua casa frágil e humilde já não existia mais, seu mundo literalmente havia sumido debaixo d'água, com o aumento do nível da água, tentou gritar por socorro mais ninguém o escutava, cansou de lutar contra a força da correnteza e finalmente se entregou. Sumiu nas águas, encontrando seu fim de forma tao trágica.
No outro dia, as pessoas da região que diariamente passavam pelo local sentiram falta de uma certa pessoa sentada na sarjeta com as mãos estendidas a pedir esmolas, porém ninguém sabia ao certo o que tinha acontecido com ele, e quando perguntados se saberiam identificar o sujeito se o encontrassem, apenas diziam: não temos tempo para olhar para os olhos ou face desse tipo de gente, apenas estendíamos nossas mãos e jogávamos alguma esmola e nada mais.
No fundo alguns até sentiam-se aliviados, enfim aquela pobre alma havia encontrado descanso, elas já tinham feito tudo para ajudar e como todo bom filho de Deus esperavam que aquela esmola diária pudesse aliviar suas consciências e fazê-los um pouco mais humanos, de qualquer forma a morte do mendigo trouxe para a comunidade um clima de paz e sossego.
Quando perguntavam se alguém já tinha feito alguma coisa para tirá-lo das ruas, logo respondiam: esse mendigo era um vadio, não queria nada com a vida, só vivia na bebida, encontrou o seu destino na sarjeta.
Semanas depois, seu corpo foi encontrado e juntamente a ele estavam alguns objetos pessoais, em um deles constava escrito a seguinte frase: “ANTES DE SUA ESMOLA QUERO TER O DIREITO DE COMPARTILHAR DE SUA HUMANIDADE”.
Uma equipe jornalistica ouviu falar na frase deixada pelo morador de rua e resolveu investigar sua vida, descobriu que ele era uma pessoa muito importante na cidade mas que devido a uma serie de desastres acabou indo parar nas ruas, tinha sido um grande escritor e até já tinha ganhado um grande premio literário nacional.
Entre seus pertences acharam também uma serie de escritos feitos no período em que estava na rua, o mesmo relatava a crueldade com que as pessoas se referiam a ele, como as animais de estimação pareciam ter mais valor do que sua vida, da menininha de que correu assustada ao vê-lo e sua mãe disse que ele era um marginal, do senhor engravatado que jogava a esmola e não tinha coragem de lhe olhar nos olhos, e de tantas outras pessoas que embora aparentemente tão civilizadas, mostravam-se tão desumanas e sem amor ao próximo.
Seus relatos foram transformados em um livro autobiográfico falando sobre a vida dos moradores de rua, suas relações na sociedade contemporânea na visão de uma dos maiores escritores que aquele país já tivera, e que o próprio viveu enquanto morador de rua durante os últimos anos de sua vida.
As vendas foram um sucesso gigantesco, pessoas não conseguiam terminar de ler o livro devido as crises de choro, sofriam junto com ele, sentiam a dor e o frio como se fossem eles próprios os desabrigados, humilhados, desprezados, vitimizados.
Para o mundo foi uma intensa e poderosa leitura, que mudou a vida de milhares de pessoas, porem para aqueles que diariamente deixavam suas esmolas para ele foi a pior coisa que já tinha acontecido em suas vidas, seus sentimentos de conforto e tranquilidade se converteram em vergonha e tristeza, agora dormiam achando que eram parte de uma sociedade hipócrita e discriminadora, que fingiam fazer o bem ao próximo apenas esperando conseguir a aprovação de terceiros ou para bancar o bom samaritano, perceberam ser muito tarde para mudar o que tinha sido feito, mais esperavam que um dia pudessem viver em uma sociedade diferente, mais igualitária.
Utopia ou não, as palavras do mendigo foram semeadas e o mundo agora poderia tentar refletir sobre suas ações. Querer ser humano em um mundo que estava cada dia mais desumano ainda era um desafio diário para os seus semelhantes, os discriminados pela sociedade, aqueles dos quais sua única visão para a sociedade era muitas vezes a de uma mão estendida a receber de mãos cegas uma esmola como que pagando pelo seu silencio,dessa maneira comprando sua humanidade.
quinta-feira, 6 de outubro de 2011
O Anjo perverso e o amor
Existia um anjo que por muito tempo esteve prisioneiro dentro do coração de quem vive, este anjo era muito perverso e sempre estava procurando novas formas de fugir; Um dia alguém sem querer querendo deixou uma porta aberta possibilitando a ele ser livre, então saiu pelo mundo cultivando amores traidores, beijos vazios e o choro de quem sorrir.
Cada dia ele fazia uma nova maldade, deixando ao chão uma dúzia de corações partidos, Roubava as esperanças de seus hospedeiros deixando apenas palavras de despedida, Porém em seu ultimo assalto teve a curiosidade de olhar para trás afim de rir de mais uma de suas conquistas, entretanto viu um ser ao longe recolhendo todos os corações caídos, voltou e ironicamente perguntou a ele o porquê de juntar corações que já estavam em pedaços e sem vida, afinal mesmo que fosse reconstituídos, jamais poderiam ser os mesmos novamente.
Com muita doçura nas palavras aquele ser disse: enquanto você roubava os sonhos, destruía os corações apaixonados, quebrava promessas e reprimia os desejos de quem ama, eu vinha logo atrás de você, encontrava todos os corações partidos pelas perdas, arrependimentos, tristezas e um profundo vazio deixados por você.
O anjo perverso deu um sorriso sarcástico e disse: você nada pode fazer para mudar essa situação, porque esses corações caídos um dia me pediram para ser livre ao deixaram a porta de seus corações abertas.
Então o ser disse algo que o anjo nunca esperou ouvir – na verdade, eles já sabiam que você faria isso, que os destruiria, mais ao te libertar e experimentar a dor e o sofrimento de um coração partido, eles também puderam então compreender quem sou eu.
O anjo totalmente perplexo com aquelas palavras, perguntou: mais afinal quem é você?
Ele então respondeu: eu sou aquele que restitui os sonhos, que trás a alegria aos corações e que enche de esperança a vida de cada um desses corações, eu sou o amor, aquele que muitos só conhecem depois de sofrer, perder ou serem traídos.
Sou aquele que nasce em meio às dificuldades e mesmo que você continue livre jamais poderá destruir o poder que flui de um amor verdadeiro.
quarta-feira, 7 de setembro de 2011
Evoluídos?
REFLEXÃO SOBRE O FILME PLANETA DOS MACACOS
O filme se passa nos dias atuais e retrata a historia de um experimento genético que leva o desenvolvimento de inteligência aos chimpanzés o que desencadeia o começo de uma guerra pelo poder e pela dominação da terra, no qual a representado pelo macaco Cezar na liderança de seu bando na luta pela liberdade e subjugação do domínio humano, ocasionando uma revolução dos bichos. Também no filme é possível perceber que as diferenças entre as raças ficam menos evidente, pois do decorrer da trama a luta pelo poder dentro do grupo de macacos bem como no mundo humano fica evidente, bem como a natureza destrutiva e dominadora de ambas as raças.
Após assistir Planeta dos Macacos ocorreram algumas reflexões e com elas alguns questionamentos sobre quem são os verdadeiros primatas subdesenvolvidos, pois em alguns pontos de nossa "humanidade" a crosta de civilização ainda é tão fina e tão tênue que "o primata" ainda domina. Já é constatado que o ser humano é uma das poucas espécies neste planeta que não protegem os seus semelhantes, pelo contrario todos os anos os índices de homicídios crescem assustadoramente, no que se refere ao contexto brasileiro esses números são evidentes em pesquisas nacionais, pois de acordo com o IBGE:
Entre 1980 e 2000, no Brasil, foram vítimas de homicídios 598.367 pessoas; dois terços delas (369.101) na década de 1990. Naqueles mesmos 20 anos, o Brasil registrou mais de 2 milhões de mortes por causas externas e 82% delas foram de homens. Enquanto nos anos 80 os acidentes de trânsito eram a principal causa externa dos óbitos masculinos, na década de 90, os homicídios assumiram a liderança.
Não devemos ser pessimista nem vamos preferir acreditar que estamos fadados a destruição por sermos uma sociedade tão individualista e pouco fraterna, mas se ficarmos de braços cruzados vendo o nosso “outro” sofre enquanto ficamos cada um em nosso quadrado vivendo o sonho americano, apenas estaremos nos iludindo acreditando que o papel de “transformar” a realidade de nossa cultura depende dos outros, dos “governantes” ou das “políticas publicas”. Neste ponto concordo com as palavras de Leonardo Boff “eu não posso ser feliz em um planeta infeliz”.
Enfim, será que podemos ousar dizer que vivemos em uma sociedade evoluída? Evolução tecnológica significa evolução humana? São algumas indagações as quais não espero que tenham respostas prontas nem que fiquem guardadas em um lado obscuro de nossas mentes, mas que estejam em nossa consciência diariamente e nos ajude a ver o mundo com outros olhos.
FONTE IBGE: http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=132&id_pagina=1
terça-feira, 30 de agosto de 2011
INDÍCIOS
Na hora de ir para o trabalho,
um lenhador descobriu que o machado tinha sumido.
Observou o vizinho e comprovou que tinha o aspecto
típico de um ladrão de machados,
o olhar, os gestos, a maneira de falar...
Alguns dias depois, o lenhador achou o machado,
que estava perdido num canto qualquer.
E, quando tornou a observar seu vizinho,
comprovou que não parecia nem um pouco um ladrão
de machados, nem no olhar, nem nos gestos,
nem na maneira de falar.
quarta-feira, 20 de julho de 2011
Crônica
A “POBRE” ESPERANÇA E A CIDADE
Agora tudo o que sabia era que pouco poderia fazer para mudar aquela situação tão difícil, pois para isso, teria que haver uma mudança nas mentes e nos conceitos de toda uma sociedade. Pensou em procurar ajuda, quem sabe alguém que não lhe olha-se através das lentes do preconceito e discriminação pudesse fazer algo por ela. Sentou em um banco na praça central, olhou para as pessoas e percebeu que elas eram muito semelhantes entre si, mais de alguma forma desiguais. E isso ela sentiu na pele naquele dia.
-O seu lugar não é aqui garota. Essa frase era como um sino barulhento dentro de sua cabeça. Depois de algum tempo tentando entender o que estava errado com ela, pensou consigo – como uma simples frase tem o poder de me fazer sentir tão mal e me tornar pior do que realmente sou. Se alguém pudesse captar os seus sentimentos e divulgar para o mundo que ela apenas queria ter um lugar para viver em segurança, ter a dignidade de trabalhar, ser reconhecida com cidadã.
Lembrou das palavras de sua mãe que havia partido há alguns anos, - minha querida filha esperança, coloquei em você este nome por acreditar que nosso futuro será melhor que o de nossos antepassados. Neste momento seus olhos começaram a lagrimar por entender que talvez os erros do passado, ainda hoje continuavam a marcar as profundezas de sua cultura, pois mesmo não sendo escrava, sentiu-se naquele momento prisioneira...sim, prisioneira de um sistema que ainda a asujeitava à pesadas correntes de discriminação e preconceito.
Continuou a sua incansável procura por uma única oportunidade de mostrar seu talento, mas o resultado continuou o mesmo, portas fechadas, olhares atravessados, palavras que a marginalizavam. Todo o seu mundo e suas capacidades foram reduzidas a sua condição enquanto mulher, sua cor de pele e por morar em uma região periférica da cidade.
Ela foi Vitimizada, isso é um fato, mas é você leitor, que postura terá em relação a Esperança, será que ainda ficaremos somente na esperança de que o futuro as pessoas mudem, viveremos todos sonhando com a sociedade em que todos tenham oportunidades de viver plenamente suas vidas, mais quem poderá dar essa primeiro passo em direção a liberdade? Quem poderá falar pelos milhares como Esperança? Quem será sua esperança?.....
A esperança é tudo que os alimenta....vivem de esperança e nada mais, nem comida, nem bebida, nem paz, nem amor....somente esperança.
segunda-feira, 18 de julho de 2011
"O depoimento de Giovana"
- Tudo começou em um dia qualquer de verão, não era uma data importante para mim...ainda. Estava fazendo as compras do mês, e...quando fui procurar macarrão em um corredor, senti em meus olhos uma união total de meu coração com um item que jamais pensei que poderia faltar... o mesmo estava caminhando alguns passos a frente.....depois desse dia nada mais seria como antes...
...
- Mesmo me escondendo deste sentimento e ainda que fugindo deste amor tão forte e poderoso...em meus seus sonhos continuaria correndo para os seus braços, então de manhã quando o sol tivesse surgido, prosseguiria fingindo a mim mesma, dizendo que era tudo um sonho e mesmo querendo, mesmo sonhando todas as noites, continuaria fazendo tudo de novo...disfarçando, fingindo...me enganando.
- sem esperanças de encontrá-lo, voltei ao hipermercado, procurei mais não o encontrei, então, triste por acreditar que não mais o veria, fui para meu carro que estava estacionado ali próximo...não sei como dizer, nem explicar como ele surgiu em minha frente, só sei que me pegou nos braços e agarrou minha cintura....já não pertencia a mim...todo meu mundo agora estava rodando fora de orbita...sem rumo...sem medo de bater em algum asteróide ou cometa perdido...vagando em um universo infinito de paixão...
...
- Amar a este homem, disse ela, era tudo o que me impedia de fracassar, por ele pude viajar além do horizonte sem medo de retornar a seus braços, pois sabia que não importava o quanto duraria, iria me esperar em casa com a lareira acessa, então estaria enfim em segurança e poderia segurar suas mãos novamente e me lançar no mar sem fim de devaneios...
...
Tornou a dizer...- ele mudou os meus sentimentos, foi algo tão profundo que transformou tudo aqui em meu peito, foi como uma flechada certeira que roubou de mim a parte da razão e tirou dele a parte da sanidade, isso tudo aconteceu tão rapidamente...com maior velocidade quebrou meu coração em mil pedaços...tomou minhas lembranças...levando cativo meu coração sem deixar pedido de fiança ou resgate....o mesmo agora enquanto prisioneiro, só consegue dizer sim a essa paixão.
sexta-feira, 20 de maio de 2011
domingo, 17 de abril de 2011
"sorrir"
Sorri quando a dor te torturar
E a saudade atormentar
Os teus dias tristonhos vazios
Sorri quando tudo terminar
Quando nada mais restar
Do teu sonho encantador
Sorri quando o sol perder a luz
E sentires uma cruz
Nos teus ombros cansados doridos
Sorri vai mentindo a sua dor
E ao notar que tu sorris
Todo mundo irá supor
Que és feliz
Charlie Chaplin
terça-feira, 22 de março de 2011
Saudades de Claudia
Hoje eu acordei pensando em você,
Na maneira doce como falava comigo,
Como esquecer-me das palavras repletas de amor
Dos muitos carinhos com que me abraçava,
Daqueles olhos meigos que me diziam tudo
Eu era o seu preferido e você minha rainha.
Parece que foi ontem, que eu corria alegre pelo pátio
Quando ouvia a sua voz cheia de ternura
é como se estivesse em um filme em câmera lenta
Nele, posso ouvir você dizer – Dinho, meu Dinho!
A impressão que tenho é que o tempo nos foi roubado
Que nosso amor não pode ser vivido plenamente
Essa distancia física pode impedir que eu te veja,
Mas na dimensão do espírito nada impede que eu te ame.
Já faz tanto tempo, que eu quase estou esquecendo
Mais antes que esqueça completamente de sua imagem
Quero que saiba que te amo e que esse amor será eterno
Ele vivera para sempre em meus sonhos mais lindos
Andrews Duque.
domingo, 13 de março de 2011
Crônica: olhos profundos
Acordou quase dez horas da manhã, fato bastante incomum para alguém com seu estilo de vida, andou pela sala e ao passar pela escrivaninha percebeu que ainda havia alguns textos amontoados esperando para serem lidos, tomou seu café de forma relativamente rápida, ligou o notebook, e como de costume respondeu algumas mensagens no twitter e no facebook, sentia que este seria mais um como tantos outros dias de sua vida, a rotina de estudos e os projetos na faculdade já fazia parte de seu cotidiano. Entretanto aquele estava para ser o dia diferente dos anteriores.
Apressadamente foi para o banho sem ter muito tempo de ensaboar-se direito devido esta muito atrazado, logo que saiu do banheiro vestiu a roupa tão rápido quanto tomou seu banho, pegou as pastas de documentos pendentes e saiu em direção a faculdade onde ministrava aulas.
Chegando lá, em meio a multidão que trafegava a passos apresados sentiu algo diferente, seus olhos agora eram fitados por um alguém ao longe, mais diferentemente dos demais, esse olhar despertou uma inquietação que logo se dissipou ai virar no próximo corredor. Apesar de tentar se convencer que esse tinha sido mais um como tantos outros olhares não conseguiu esconder que sentiu uma enorme atração por aquele olhar como que por mágica ou encanto houvesse sido hipnotizado.
Os dias foram se seguindo e paradoxalmente, sua vida cotidiana já não parecia tão comum para seus olhos, tudo parecia novo e mais bonito, seus alunos até perceberam e comentaram dizendo que as aulas estavam mais leves, até o aluno mais relaxado era ajudado a tirar boas notas, as pessoa desconfiavam que talvez estivesse tomando algum medicamento ou fazendo alguma terapia, pois só isso poderia explicar esse fenômeno
Ninguém sabia que sua alegria e disposição para ministrar as aulas ocorria todos os dias no mesmo horário e local, pois ao se cruzarem no corredor aquele olhar penetrava os seus, como que dizendo tudo e ao mesmo tempo absolutamente nada, o qual era o suficiente para deixar seu dia iluminado.
Quem sabe por curiosidade para-se para perguntar as horas só para criar algum clima que pudesse suscitar uma troca de fones ou quem sabe algum endereço de email, mais não, afinal de contas tinha quer ser inteiramente profissional, dizia consigo: - a imagem profissional e tudo, jamais devo permitir que ela seja manchada por uma cantada no corredor da faculdade.
Lembrou que sempre teve muita timidez e que jamais teria coragem de se declarar ou dizer o que estava sentido, porém sua vontade de confessar seu amor era tanta que todas as noites em seus sonhos, sonhava que tinha finalmente realizado seu encontro, nesses sonhos nada era impossível, nem mesmo correr para junto daqueles olhos, se afundar em seus pensamentos, se perder em seus beijos e esquecer-se de voltar para o mundo real. Passaram as semanas, meses e os anos, aquela relação de olhares continuava plena.
Entretanto algo estava para mudar completamente, pois naquele dia ao chegar na coordenação de seu curso descobriu que seu contrato não seria renovado naquele período, tentou segurar as emoções mais acabou pedido para sair alguns minutos com a desculpa que iria atender a uma ligação. Muito triste, não pelo fato de não poder mais dar suas aulas, mais principalmente por saber que não veria mais aqueles olhos que tornavam seu dia mais feliz.
Correu apressadamente para o jardim da faculdade que ficava em uma das áreas mais tranqüilas e arborizadas do local, estava quase lagrimando quando observou que ao longe sentado sobre um banco próximo a uma enorme cascata estava aquele mesmo par de olhos que tinham feito de seus dias tão únicos.
Como tomado por um ato de coragem e também devido não ter mais medo de ter sua imagem profissional prejudicada, pois agora não fazia mais parte na faculdade, sentou ao seu lado no banco, percebendo imediatamente que seu observador agora estava escrevendo no que parecia um diário, teve coragem e perguntou: - você sabe me informar que horas são? Entretanto não recebeu ao menos um olhar ou palavra de seu interlocutor. Continuou desabafando dizendo: – sei que você parece este meio ocupado mais preciso dizer que meus dias ficam melhores quando vejo você nos corredores. Novamente sem receber respostas as suas indagações e desabafo levantou sentindo-se desiludido.
Caminhando de cabeça baixa, duplamente triste, quando deu uns três passos em direção a saída daquele lugar, sentiu uma mão tocar em seu ombro, voltou-se para quem estava puxando sua camisa, foi ai que percebeu novamente aqueles olhares que sempre o faziam sonhar a noite, só que desta vez estavam mergulhados em lagrimas, antes de dizer qualquer palavra para ele, recebeu das mãos deste seu diário.
Nas paginas do diário estavam escritos inúmeros poemas e declarações de amor, o mais interessante era que ao final de cada poema estava escrito a seguinte dedicatória:
- Para aquele a quem meus olhos brilham de amor todos os dias quando o vejo nos corredores, que tornam meu dia mais bonito e me fazem sonhar todas as noites.
Perceberam que estavam apaixonados e que ambos nao tiveram coragem de se declarar todo esse tempo, que esse amor os tornava melhores a cada manhã, não era mais preciso falar uma única palavra, pois haviam Entendido que o amor transcende as palavras, seus olhares diziam tudo o que precisavam para serem felizes.
sábado, 5 de fevereiro de 2011
Diferenças?
É incrível como em nossa sociedade somos levados a querer esconder por inúmeros momentos nossas subjetividades, pensamentos e ideias diferentes para viver o sonhos e planos de outros, isso é algo muito infeliz para nossa cultura que é tão rica em diferenças, somos um Brasil de tantos outros.
Negros, brancos, índios e a mistura de tudo isso, surge o Brasileiro, um pouco de tudo e como resultado dessa aculturação, parece surgir um sentimento de ser estrangeiro em seu próprio país, de não pertencimento, de reprodução de culturas importadas, que não foram pensadas nas diferenças, mais para uma massa de gente.
diferenças? sim temos muitas, de norte a sul. diferença que é criticada, como se existisse um Brasil mais Brasileiro é outro que fosse uma copia muito mal pirateada.
Buscar nossa identidade de povo unico, começa pela nossa busca pelas respostas as nossas proprias demandas, que também são unicas.
"Viva Sua Diferença, mesmo que só você perceba isso, pois ninguém olha para uma rosa com o mesmo sentimento o tempo todo"
quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011
Poesia
PAUSA
Quando pouso os óculos sobre a mesa para uma pausa na leitura de coisas feitas, ou na feitura de minhas próprias coisas, surpreendo-me a indagar com que se parecem os óculos sobre a mesa.
Com algum inseto de grandes olhos e negras e longas pernas ou antenas?
Com algum ciclista tombado?
Não, nada disso me contenta ainda. Com que se parecem mesmo?
E sinto que, enquanto eu não puder captar a sua implícita imagem-poema, a inquietação perdurará.
E, enquanto o meu Sancho Pança, cheio de si e de senso comum, declara ao meu Dom Quixote que uns óculos sobre a mesa, além de parecerem apenas uns óculos sobre a mesa, são, de fato, um par de óculos sobre a mesa, fico a pensar qual dos dois – Dom Quixote ou Sancho? – vive uma vida mais intensa e, portanto mais verdadeira…
E paira no ar o eterno mistério dessa necessidade da recriação das coisas em imagens, para terem mais vida, e da vida em poesia, para ser mais vivida.
Esse enigma, eu o passo a ti, pobre leitor.
E agora?
Por enquanto, ante a atual insolubilidade da coisa, só me resta citar o terrível dilema de Stechetti:
“Io sonno um poeta o sonno um imbecile?”
Alternativa, aliás, extensiva ao leitor de poesia…
A verdade é que a minha atroz função não é resolver e sim propor enigmas, fazer o leitor pensar e não pensar por ele.
E daí?
– Mas o melhor – pondera-me, com a sua voz pausada, o meu Sancho Pança – , o melhor é repor depressa os óculos no nariz.
In: A vaca e o hipogrifo.
Obra "PAUSA" de: Mário Quintana
Imagem de: Salvador Dali
segunda-feira, 31 de janeiro de 2011
Crônica: A história de Cristina
Cristina cansou de levar rasteira da vida, foi o que pensou naquele momento, ao contemplar seu reflexo no espelho, tudo parecia tão deslocado, suas roupas rasgadas e os cabelos embaraçados, cobertos de sangue. Não teve outra reação, que chorar arduamente pela sua condição atual, que para ela tornara-se muito além do suportável para uma pessoa em seu juízo perfeito.
Aos 26 anos, com dois filhos para criar, Augusto de oito e Clara de seis, os quais eram tudo o que ainda sustenta sua condição psicológica estável, mas não naquele dia. Ainda olhando para sua imagem no espelho, pensou e disse para si mesma: - tudo o que eu desejei era que meus filhos crescessem em um lar onde seriam amados e protegidos.
Infelizmente não era o que estava acontecendo na casa de Cristina, se fosse com outra família tudo seria diferente, pensou ela – porque estou vivendo dessa forma, como pude deixar que isso fosse chegar a este ponto.
Na noite anterior Cristina fez algo que nunca imaginou que uma mãe poderia fazer a um filho, pelo menos não no seu caso.
Ela esfaqueou seu próprio filho, evento este que a deixou totalmente transtornada, isso porque Cristina é dependente Química e há três meses lutava contra seus impulsos em procurar a droga, infelizmente na noite anterior seus instintos venceram a batalha mental, pois sob os efeitos do entorpecente, entre delírios e alucinações, acabou confundindo seu filho com um assaltante, pegou a faca na cozinha e efetuou uma serie de facadas no menino, que caiu gravemente ferido no chão.
Sentiu vontade de compartilhar com alguém seu sofrimento pelo ocorrido, mais qual pessoa suportaria ouvir as lamentações de uma “mãe tão malvada”, como a sociedade olharia para ela com outros olhos, que não fossem de ódio e revolta. Quanto a seu futuro só restava esperar que outras pessoas pudessem se libertar do vicio das drogas e que ninguém tivesse que passar por uma tragédia para entender o quanto é importante procurar ajuda.
Não havia mais nada a ser feito, tudo o que ela poderia esperar era o seu perdão, quem sabe se perdoar, talvez esse fosse o passo mais importante de sua trajetória daqui em diante.
sábado, 29 de janeiro de 2011
Saudades de Odete
terça-feira, 25 de janeiro de 2011
Crônica: OS OUTROS
Ela acordou cedo hoje, caminhou pelo corredor ainda escuro, pois o sol ainda não havia surgiu no horizonte, ligou o radio e por coincidência estava tocando aquela música que fazia o maior sucesso na novela das 8, passaram mais alguns minutos e acabou desistindo de ouvir aquela melodia pois já não se sentia tão tranqüila, pensou que essa era a hora de tomar suas próprias decisões na vida. Isso porque, desde quando era bem pequena sua mãe lhe falava para obedecer aos outros, e ela perguntava – mamãe, mais quem são esses outros que a senhora fala? Sua mãe respondia – os meios de comunicação, tais como a TV, o radio, os jornais e revistas...sim, esses e somente esses são a quem devemos acreditar e obedecer, pois sabem o que melhor para nós. A partir daí, todos aqueles que segundo sua mãe sabiam o que era melhor para ela, tornaram-se seus referenciais de vida. O que iria comer, vestir, sonhar, tudo passou a ser mediado pelos meios de comunicação.
Infelizmente esse ensinamento tem causado grandes problemas para ela, que nestes últimos anos já se esqueceu quantas vezes trocou de visual por causa das modinhas lançadas pela TV. Foi ruiva, loira, morena e também fez inúmeras plásticas para ficar magra como as modelos que vê nas capas das revistas, a única coisa que ainda não fez foi raspar a cabeça, mais se porventura no noticiário fosse afirmado que fazê-lo era a tendência da estação, ela o faria certamente.
Nos jornais ela viu uma pesquisa afirmando que se uma pessoa comesse 6 vezes por dia, bebesse 3 litros d’água e corresse 2 quilômetros teria sua vida mudada em apenas 6 meses, passados os 6 meses e sem os resultados profetizados pela pesquisa, como por coincidência, sua frustração foi abalada com uma nova promessa, devido o surgimento de outra pesquisa criticando a anterior, a qual dizia que ao invés de fazer tudo isso para ter a qualidade de vida tão sonhada, a pessoa deveria comer somente frutas e vegetais, para ela isso foi a gota d’água, não pela fato ser apenas mais uma das inúmeras pesquisas, afirmações e influencias que se tornaram parte de sua vida, mais neste dia experimentou algo que nunca tinha sentido anteriormente, sentiu-se usada.
Depois disso, aproximou-se da janela do seu apartamento e olhou para o horizonte, o sol já estava quase surgindo, e o que passou pelos seus pensamentos foi – esta é a primeira vez em muitos anos que sinto uma imensa vontade de ser livre para viver a minha vida sem as influências, os rótulos, os modelos a serem seguidos, sem a felicidade comprada a prestação. Queria sair daquele lugar, ir para onde pudesse ter contato com o ambiente de menor atuação humana, então pensou consigo – vou para o campo, quero ver o verde, sentir a brisa suave tocando meu rosto.
Como que acordando de um sonho profundo, ela agora podia contemplar a beleza radiante do sol surgindo no horizonte azul, mesmo sabendo que esses outros ainda estavam por aí a influenciá-la de alguma forma e que havia tantos como ela que estavam sendo manipulados pelo sistema, continuou seguindo pela estrada em direção ao desconhecido, sim, em direção a si mesma, pois tudo o que conhecia como parte de sua personalidade, tinha sido emprestado dos outros.
sexta-feira, 21 de janeiro de 2011
Crônica
CRÔNICA DO NAMORO MODERNO
Ana Maria conheceu Carlos em uma sala de bate papo, interesses semelhantes, ela gosta de artes plásticas, ele faz teatro, ela mora em Manaus e ele em São Paulo, o incrível é que essa distância não impediu que surgisse entre eles um relacionamento comum de forma incomum, nada mais compreensível para quem vive na época da tecnologia, afinal, ninguém mais quer perder tempo entre olhares e cantadas, a moda agora é o namoro virtual, foi o que passou pela cabeça de Ana, o mesmo pensou Carlos, como se ambos estivessem um link, digo, uma conexão mental. Apesar ainda não terem inventado um leitor mental, quando Carlos mandou o emotion com a frase de pedido de namoro, Ana chegou a se emocionar bastante, dizendo que nunca ninguém a tinha deixado tão encantada como ele, foi amor instantâneo, como uma mensagem de texto mandada diretamente para seu coração.
Ana Maria contava os minutos para que Carlos fica-se online no MSN, porém seu novo emprego agora tomava grande parte do seu dia, sendo um transtorno sem fim para a paciência de Ana, que a essa altura já estavam com seis meses de namoro e faziam planos de fazer uma festa, virtual é claro. No dia da festa, cada um recebeu em sua casa um presente que o outro havia enviado pelo correio, tudo era tão perfeito, formavam um casal único. Digitava Ana – você é minha alma gêmea, nunca encontrei alguém que me completasse como você o faz, então respondia Carlos – não penso em outra mulher neste mundo virtual que não seja você Ana, quero passar o resto da minha vida ao seu lado.
Passou a vida, passou o tempo e eles continuam se amando virtualmente, seus conflitos e desentendimentos são resolvidos facilmente. Ana já esqueceu quantas vezes nesses últimos anos de namoro ela bloqueou Carlos por motivos banais, como não se conectar no horário combinado, esquecer o dia que comemoravam anos de namoro, porém no fim das contas eles sempre acabam voltando, ela o desbloqueia e o relacionamento fica ainda melhor, ate a velocidade da conexão e otimizada, como se estivesse com banda larga, enfim, apesar das criticas das amigas de Ana e dos familiares de Carlos, há quem diga que eles são felizes assim.
quinta-feira, 20 de janeiro de 2011
Passagem
Tudo nesta vida é tão passageiro, até o termo já impõe a idéia de transitoriedade, a diferença é que nesta passagem a qual me refiro somos convocados a mudar, deixar para trás momentos, pessoas, amores, desamores, aventuras, desventuras...as vezes isso acontece de forma abrupta, quando por exemplo perdemos alguém devido a morte ou quando as pessoas que amamos vão seguindo direções opostas, é incrível como o ser humano tem um espírito explorador, desbravador, andarilho...
Enfim, o importante não é ter as pessoas que amamos sempre por perto, mais que a imagem, as lições de vida e os sentimentos que elas nos despertaram continuem a fazer parte de nossa trajetória nesta terra.
Há quem diga que existe a possibilidade de haver um recomeço depois da morte, onde os espíritos continuarão a existir em outro plano, talvez no céu ou inferno, também tem alguns que gostariam de voltar para continuar a realizar “missões” e há os que acreditam que a vida e o agora, com seus acertos e erros, alegrias e tristezas.
Seja qual for à visão de mundo que temos, é possível viver o agora com seus dilemas, realizar sua missão através de realizações pessoais, casar, ter filhos ou ajudar as pessoas e acreditar que tudo na vida tem um recomeço, podemos recomeçar a construir um projeto, um sonho, um relacionamento.
Seja como for, acredite na vida e deseje ser mestre em amar a vida e doutor em liberdade, pois ao amar a vida e a liberdade nos aproximara de um mundo melhor para todos.